domingo, 5 de julho de 2020


Na imagem, uma alusão a um cabeça encoberta da má-fé do betão, uma coisa nossa infelizmente entre nós muitas vezes demasiado presente.

É um bicho horrendo, tipo polvo com 3 longos tentáculos, um especialista em comprar, outro muito atreito a se deixar vender, e um terceiro cuja arte é nem olhar, e muito menos ainda ver.

Vem isto a propósito de neste Domingo fazer já 15 anos que a bomba da apresentação pública do Projecto de Revisão do PDM estoirou entre nós, numa noite abafada com casa à pinha nos Paços do Concelho na Moita, neste dia 5 de Julho nos idos de 2005.

O traço maior do texto e dos mapas propostos pela má-fé instalada aqui no poder local foi nessa noite apercebido logo no primeiro minuto, com grande choque e ainda maior pavor, por muitos dos Munícipes presentes então nessa sessão.

Esse traço maior resumia-se assim:

Primeiro...
Desde 1996, e às escondidas, a maioria absoluta na Câmara de então vinha assinando, preto no branco, Protocolos com um naipe alargado de especuladores do solo, desses que adoram comprar pela noitinha grandes áreas com centenas de hectares em REN e RAN a preço de tostão, para a golpes de magia e com recurso à má-fé instalada no poder, incluindo a nível local, verem essas terras rentabilizar a milhão como novo solo urbano ao raiar do novo dia.

Segundo ...
A má-fé instalada no poder local na Moita sabia contudo que lorpas no Governo central tinham já à época uma regra cega: as áreas concelhias de RAN e REN não deveriam decrescer aquando das revisões dos PDM's.

Terceiro ...
Sabendo disso, a má-fé instalada no poder local na Moita resolveu recorrer a uma estrangeirinha, arte e manha de polichinelo. Retirava a RAN e REN das terras compradas de véspera pelos amiguinhos (os mesmo do golpe do baú no BPN, BES, BPP, Banif e Companhia Lda) e chutava com essa REN deslocalizando-a para cima das casas, das explorações agrícolas e pecuárias, dos núcleos urbanos e habitacionais dispersos e com dezenas, vide centenas de anos de implantação consolidada e absolutamente legal no sul da Moita.

Quarto ...
Com essa estrangeirinha, satisfazia-se o golpe especulativo dos amigos com quem a Câmara negociava e assinava Protocolos desde 1996 (contratos-promessa ilegais, pois condicionavam com anos de antecedência aquilo que a discussão pública do PDM iria apreciar só a partir de de Julho de 2005), oferendo-lhes a promessa de terrenos hiper-valorizados como novo solo urbano lá nas terras que eles haviam adquirido à pressa como REN, e chutava-se a REN para cima dos habitantes do sul do Concelho, castigando-os sob a capa de uma manobra falsamente "verde", REN às centenas de hectares para cima deles, num golpe que seria hilariante não fora tão trágico e penalizante.

Quinto ...
Com isso, a má-fé instalada no poder local na Moita conseguiria o pleno. Por uma lado, satisfazia os amigalhaços especuladores fundiários isentando-os da REN, e ao chutá-la contra as populações fazia com que o saldo final entre o menos REN acolá e o mais REN aqui fosse de resultado nulo, zero.

Lisboa não teria por onde se queixar, os especuladores sairiam a ganhar e as vozes das populações, para a má-fé instalada no poder local na Moita, valeriam tanto como vale o lixo na montanha da Amarsul, nos Brejos da Moita, que de tão alta já roça as fraldas do céu.

No final do processo de revisão do PDM, chegados a Maio de 2010, os lorpas na CCDR-LVT, na Comissão Nacional da REN e no Governo de Lisboa abriram uma pestana, após uma assanhada luta de resistência e denúncia abre-olhos de 5 anos das populações.

Frustraram por isso o milagre da transformação das terras em REN dos especuladores em novo solo urbano. A essa parte do golpe, Lisboa disse não.

Mas esses lorpas de Lisboa fecharam a outra pestana, e aceitaram que a punição das populações do Sul da Moita ficasse em letra de lei no novo PDM de 2010, quem sabe se em banho-maria, para uma nova investida numa nova oportunidade num tempo que está por vir. A esta parte do golpe, Lisboa disse sim.

Agora, passados 10 anos de nojo e chegados ao tempo da normal correcção do erro de 2010, a má-fé instalada no poder local na Moita volta a chutar a 24 de Junho de 2020 para as calendas de 2040 uma qualquer hipótese de rectificação do crime lesa-populações iniciado há 24 anos, em 1996, e consumado em 2010. E agora prometido qual condenação sem fim pelo menos até 2040.

Donde se pode dizer que a má-fé tomou o poder desde há muito na Moita, na margem sul do Tejo, a pouco mais de 20 Kms de Lisboa.

É um fado triste esta coisa nossa de termos no poder local, antes com maioria absoluta e desde as últimas autárquicas apenas com maioria relativa um governo local dominado pela má-fé.

Que quer dantes absoluta, quer agora relativamente, continua com a sua maioria de facto a penalizar vastas áreas do Concelho com o exemplo mais estúpido, mais trafulha e mais ilógico de uma REN colocada em 2010, e parece que pelo menos por 30 anos mais, em cima de uma forte presença de actividades agrícola e pecuária, de centenas de habitações legais, de uma muito relevante presença humana, de estradas locais importantes e incluindo uma Auto-Estrada, de um Cemitério com milhares e milhares de campas e de uma montanha de Resíduos Sólidos (lixo) da Amarsul que cresce até ao céu.

Moita vergonha, ultraje, miséria.

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